Plano Visão Iscte 2035. Coincidindo com a duração do mandato do Conselho Geral e com a participação e contributos de todas as escolas, seus departamentos e centros de investigação, o objectivo do Visão Iscte 2035 é renovar os processos de consolidação do Iscte como uma universidade pública global, inclusiva e orientada para o impacto social. O desafio consiste em promover em cada Escola um processo participativo para a criação da sua Visão 2035, alinhando as suas propostas de estratégias de ensino, investigação e ligação à sociedade com os objetivos globais do Iscte alicerçados numa identidade de proximidade e inovação.
Criação de um “Orçamento Participativo Académico” com 1% do orçamento do ISCTE. Proposta: Destinar 1% do orçamento anual do ISCTE para projetos propostos e votados por estudantes, docentes, investigadores e funcionários não docentes. Porquê? Altera a lógica de governação financeira de topo para uma lógica de base e reforça a cultura de pertença, a transparência e dá expressão prática à promessa de uma universidade mais participativa.
Transparência, transparência, transparência. Reforçar a transparência institucional, nomeadamente nos processos de decisão sobre criação de cursos, contratação e reorganização de departamentos bem como a publicitação em tempo real de deliberações, atas, concursos, grelhas de avaliação e execução orçamental.
Recriar a plataforma digital de comunicação interna do Iscte. A medida propõe que decisões, orçamentos e relatórios do Conselho Geral e demais órgãos de gestão centralizada e descentralizada do Iscte estejam disponíveis num canal acessível a toda a comunidade. Torna-se urgente o reset do actual modelo organizativo e de comunicação do MyISCTE. O objetivo é reforçar a transparência e a prestação de contas da governação universitária, promovendo uma cultura de escrutínio interno e participação na gestão do Iscte.
Encontro mensal dos três Conselhos do Iscte. O Conselho Geral, em articulação com a Reitoria, deve envolver os outros Conselhos na coordenação da construção de agendas estratégicas para o ensino e investigação no ISCTE. Destaca-se a necessidade de trabalhar em articulação com o CC e o CP para aproveitar e trazer as suas competências no centro das tomadas de decisão. Encontros periódicos com tais órgãos são necessários para fazer a síntese das questões mais prementes no ISCTE. Tal articulação visa democratizar, tornar mais cooperativos e eficazes os processos de análise e deliberação sobre os desafios no ISCTE e a valorização dos seus recursos e das suas oportunidades dentro do ISCTE.
Conselho de Campus com representação paritária dos três corpos Iscte. Um órgão informal que se reúna mensalmente para discutir temas de convivência, infraestruturas, alimentação, horários, espaços comuns, etc. Seria um espaço de microdemocracia universitária, capaz de promover uma cultura institucional colaborativa e horizontal.
Clarificação do papel e integração estratégica do Pólo de Sintra do Iscte. A expansão para Sintra, embora promissora, gerou confusão interna: sobreposição de áreas, concorrência entre cursos e metodologias distintas. Propõe-se que o Iscte promova um processo participativo que clarifique a sua missão, evite duplicações e construa uma imagem coerente e estratégica do posicionamento do pólo de Sintra. Esta medida é crítica para evitar ruturas e consolidar uma identidade comum e partilhada.
Dar de novo vida à sustentabilidade no Iscte. Importa fazer sair do papel a articulação entre os objetivos expressos no Plano de Qualidade e uma real implementação de um Plano estratégico de Sustentabilidade e Responsabilidade social do Iscte. Há que voltar a dar prioridade ao uso de fontes de energia renováveis no campus, incentivar a comunidade académica do Iscte a apresentar propostas para tornar o campus mais sustentável, oferecendo prémios às melhores ideias. É necessário criar canais de feedback para os estudantes e os restantes corpos contribuírem com sugestões para promover a redução do consumo de energia e água no campus e melhorar, ainda mais, o conforto térmico. Sem esquecer que, se não se estabelecerem mecanismos regulares de consulta à comunidade académica, nunca se garantirá que as decisões tomadas reflitam as suas necessidades e expectativas.
Plano Estratégico de Fontes Alternativas de Receita. Objetivo: Reduzir a dependência de propinas e diversificar receitas próprias. Ações: 1) Expandir a formação avançada executiva em regime contínuo e modular. 2) Desenvolver uma plataforma de microcredenciais internacionais com parceiros europeus. 3) Criar spin-offs e modelos de licenciamento de propriedade intelectual com apoio jurídico interno. 4) Desenvolver, coordenar e aprofundar os programas de cooperação com o mundo educativo para lá da área de ensino europeia. Para tal, importa a criação de uma equipa de trabalho para formular e implementar essa estratégia.
Plano Plurianual de Financiamento Estratégico. Objetivo: Garantir previsibilidade e alinhamento entre os recursos disponíveis e as prioridades estratégicas do ISCTE. Estabelecer um orçamento plurianual indicativo (3 a 5 anos) com base em cenários macroeconómicos e evolução da captação de receitas. Integrar este plano com o Plano Estratégico do ISCTE e os planos de desenvolvimento das Escolas e Unidades de Investigação.
Salvaguardar e reforçar a sustentabilidade financeira do Iscte. Objectivo: Reforçar a cultura de sustentabilidade financeira no Iscte reduzindo dependências conjunturais e promovendo a previsibilidade e o alinhamento entre orçamento e estratégia. Para tal, importa criar um plano plurianual de financiamento estratégico (2025–2030), integrando recursos próprios, fundos externos e metas de sustentabilidade financeira. Desenvolver um Dashboard Financeiro Institucional, com KPIs em tempo real alinhado com os objetivos estratégicos, a alocação de recursos, a capacidade empreendedora e o modelo de governance. Rever os mecanismos de afetação de receitas próprias, incluindo propinas, formação executiva e prestação de serviços, com base em critérios de eficácia e justiça institucional.
Fundo Estratégico do Iscte. Objetivo: Canalizar parte das receitas próprias e dos overheads de projetos para fundos que estimulem a inovação, o impacto e a colaboração. Um Fundo Estratégico dotado de quatro linhas aplicadas: 1) Fundo de Apoio à Investigação Fundamental (projetos piloto, novos tópicos, arranque de equipas); 2) Fundo de Inovação Pedagógica (microcredenciação, IA, blended learning); 3) Fundo para Internacionalização Estruturada (duplas titulações, co-tutelas, ISCTE Global Fellows); 4) Fundo de Apoio a Carreiras Emergentes (jovens doutorados com contratos precários). Cada linha terá concursos anuais simplificados, com júris independentes, e critérios transparentes.
Gabinete de Fund Raising Iscte. Objetivo: Estruturar a angariação de financiamento externo e mecenato. Funções: Apoiar a preparação de candidaturas a programas europeus. Desenvolver relações com fundações, empresas e alumni para doações e bolsas. Criar campanhas de angariação dirigidas. Este gabinete funcionaria de modo descentralizado e em rede com os centros de investigação e os serviços financeiros e permitiria promover relações duradouras com empresas e organizações públicas que se traduzam em financiamento regular. Componentes: 1) Lançar Cátedras associadas a entidades (com apoio a investigação, bolsas e estágios). 2) Criar Laboratórios de Inovação Aplicada cofinanciados por consórcios de entidades. 3) Formalizar protocolos com a administração local e central com base em prestação de serviços científico-tecnológicos.
Nova Política de Overheads e Incentivos à Captação de Projetos. Objetivo: Tornar a política de distribuição de receitas de projetos mais atrativa e eficiente. Propostas: Estabelecer um novo plafond fixo do overheads para o ISCTE e redistribuir o restante entre o centro de investigação, o departamento e o investigador responsável. Garantindo que parte do overhead se converte em redução de carga letiva. Estimular a captação de projetos estruturantes.
Projeto Reinvestir na Investigação do Iscte. A linha logística de apoio à investigação no Iscte corre o risco de, a breve trecho, se quebrar, dada a sobrecarga a que os recursos humanos de apoio e os próprios coordenadores de projectos estão sujeitos. Esta situação limite tem um claro impacto na preparação de um maior número de candidaturas e potenciais aprovações. Há que avaliar, rapidamente, se o caminho passa por investir diretamente em mais recursos próprios para apoio de construção de candidaturas, gestão financeira das mesmas e gestão de execução de projectos ou, eventualmente, apostar na contratualização externa de algumas dessas valências. Pois, cada vez mais os nossos competidores mais diretos fomentam a parceria com consultoras para a montagem de projetos com financiamento internacional de elevado montante.
Coordenação Estratégica das Entidades Participadas do Iscte. Importa aumentar o grau de coordenação científica e de execução de medidas para evitar sobreposições várias. Há que proporcionar maior articulação e oversight do Conselho Científico do Iscte face às ofertas lectivas, prestação de serviços de ciência e investigação em modos de consultoria ou outros.
Serviço Inovação Made in Iscte. Falta ao Iscte um serviço especializado, funcional, dedicado à inovação e proteção intelectual, que acompanhe docentes e investigadores desde a ideia até aos resultados e passando pela possível comercialização ou licenciamento se produtos e serviços, prestando aconselhamento técnico e legal sobre patentes, copyright, registo de software, modelos de negócio, contratos de confidencialidade e acordos de propriedade intelectual promovendo a ligação ao tecido económico e o reconhecimento institucional da inovação made in Iscte.
Task Force Rankings iscte. A presença do Iscte em múltiplos rankings internacionais tem de ser analisada e cruzada face à informação interna e externa ao Iscte. Importa saber o que há a corrigir por via de acções internas e o que é necessariamente correcção externa a solicitar face aos erros detectados. Paralelamente há que estabelecer objetivos quantificáveis de melhoria nos rankings internacionais e mecanismos de prestação de contas nesse domínio em estreita articulação com o plano estratégico do Iscte e com uma visão institucional orientada para a não supremacia do ranking face aos princípios universitários alicerçados na nossa cultura institucional.
Criação de uma marca de Comunicação Social “Iscte”. O Iscte para se afirmar na sociedade e na sua capacidade de influenciar o desenvolvimento social precisa de ser ouvido. Para tal, o Iscte não pode estar a 100% dependente de quem medeia a comunicação, precisa de ser parte integrante da intermediação jornalística e da opinião científica. Para comunicar ciência é necessário ter uma poll que identifique tematicamente quem é quem no Iscte e, igualmente, aproveitar os recursos já existentes e as ferramentas de IA para fazer comunicação de ciência com sustentabilidade.
Programa de Micro-projetos Estudantis. Pequenas bolsas, até 1000€, para equipas de estudantes desenvolverem projetos culturais, científicos, sociais ou de bem-estar no campus. Os projetos seriam apoiados por docentes, investigadores e funcionários não docentes, sendo avaliados anualmente quanto ao atingimento das metas propostas.
Toponímia Universitária e Rede Alumni. Com o objectivo de fortalecer a rede de relação com os Alumni Iscte, propõe-se a atribuição de nomes a espaços através de campanhas junto de antigos alunos visando gerar receitas complementares ao aluguer de espaços, reforçar a ligação emocional à instituição e incentivar o mecenato académico. Trata-se de uma estratégia inovadora de captação de fundos e fidelização institucional.
Eixo 2 – Dignidade e trabalho no Iscte
Planos de desenvolvimento de carreira com metas definidas, formação e mentoria. O Iscte necessita de expandir e atualizar o seu modelo de gestão de recursos humanos em apoio aos novos docentes e investigadores. A política de recursos humanos é incipiente no Iscte, não tomando em conta os perfis de carreira adaptáveis por área científica e por fase de vida académica. No Iscte importa institucionalizar uma previsibilidade através de gestão de carreiras individuais. Quem inicia a sua vida profissional no Iscte, mas também quem já está nela inserida, deve saber clara e antecipadamente quais as regras e quais as hipóteses de progressão de carreira, corrigindo perceções de arbitrariedade nas progressões.
Introdução de financiamento especial à contratação para doutorados em pós-doc no ISCTE. Propor a criação de um programa institucional de integração progressiva de investigadores doutorados, especialmente os que já trabalham em projetos financiados no ISCTE, como resposta concreta à precariedade científica. Esta medida está diretamente ligada com a promoção de uma nova política institucional de Fund Raising que fomente a investigação transversal e integração de investigadores no Iscte. Impedindo, assim, que a segurança social, entre contratos com o Iscte, se institucionalize como um qualquer “normal” perverso que atenta contra a dignidade individual e da instituição.
Programa de Simplificação Administrativa do Iscte – SAIscte. Há que proceder à identificação e revisão de regulamentos internos e processos associados para identificar e reduzir a burocracia desnecessária e acelerar processos administrativos, nomeadamente nos concursos, nas decisões académicas e nos fluxos financeiros. Paralelamente, será lançada a iniciativa “Ousar para Inovar”, aberto a equipas internas de docentes, investigadores, estudantes e funcionários que pretendam desenvolver ideias transformadoras para os processos de fluxos informativos e decisão quer ao nível de recursos humanos, administrativos, financeiros e com apoio institucional em termos de infraestrutura, mentoria e financiamento semente.
Política de Carreiras Transparente. Não basta ser transparente, importa igualmente parecer. A transparência não se deve resumir ao curto prazo, mas também ao médio e longo prazo. Importa reforçar a transparência dos critérios de progressão e contratação no Iscte enquanto política assumida transversalmente, garantindo previsibilidade e equidade nos concursos, nomeadamente nos concursos de carreira e nos processos de agregação e habilitação.
Estabelecimento de regras claras e transparentes para a distribuição do serviço docente. A proposta inclui considerar fatores como o número de estudantes por turma, a criação de novas unidades curriculares, o ensino em horários noturnos e a coordenação de cadeiras. Esta medida ajuda a equilibrar cargas de trabalho e a corrigir assimetrias entre departamentos.
Implementar uma Política de overheads de dois sentidos. Os overheads do Iscte não podem ser pensados como o preço que o investigador paga para usar o nome do Iscte, mas sim como o valor justo pelos serviços que o Iscte facilita à investigação. No Iscte importa implementar uma política institucional de retribuição de overheads em que o Iscte contribua efetivamente para a investigação com a existência de condições de trabalho através de cedência de espaço, disponibilização de material e apoio administrativo.
Criação de salas de docentes e investigadores e espaços de diálogo. Embora simbólica, esta medida é relevante, pois a ausência de espaços próprios para professores, investigadores e funcionários não docentes prejudica o convívio, a cooperação e o sentimento de pertença ao Iscte. Há, atualmente, uma divisão de serviços e pessoas que impede pontes de diálogo. Impera no Iscte uma lógica de eficácia e concentração pouco funcional. É necessário criar de novo espaços de encontro, que proporcionem oportunidades de cruzamento e diálogo entre nós (nos departamentos, centros de investigação, reitoria, serviços, etc.). A construção de boas ideias, projetos e consensos só surgem através do diálogo e do encontro entre pessoas no Iscte.
Fomentar cultura e comunidade. O Iscte é, simultaneamente, um espaço de artes, cultura e desporto e um espaço onde há que dar maior visibilidade às artes, cultura e desporto para criar mais comunidade interna e ligar o Iscte à comunidade envolvente. Os Laboratórios do Iscte, a AEISCTE, as organizações informais de professores, investigadores, funcionários não docentes e estudantes são exemplos de entidades e locais onde as artes, a cultura e o desporto se manifestam nos campus. Importa articular, ligar e promover redes culturais do Iscte com presença e intervenção no roteiro das artes e cultura de Lisboa e Sintra. Repor e reforçar os serviços de desporto universitário, e diversificar as actividades de natureza cultural e social oferecidas à comunidade Iscte para assim promover o bem-estar, a cultura e a saúde.
Apoiar em tempo de necessidade. Propõe-se a criação de uma estrutura dedicada à antecipação e gestão de situações de burnout, excesso de carga e desequilíbrio entre vida pessoal e profissional, bem como de apoio social a docentes, investigadores e funcionários não docentes. Esta medida procura articular os mecanismos de políticas de apoio psicológico e social para estudantes e estendendo essa atividade aos restantes corpos do Iscte promovendo um ambiente académico mais saudável.
Reconhecimento da orientação de dissertações e do ensino em condições exigentes. A proposta de compensações adequadas por tarefas como supervisão de teses ou aulas noturnas, tanto para docentes como investigadores responde a uma queixa frequente: o trabalho invisível que não conta formalmente para a carreira. O reconhecimento dessas atividades valoriza o esforço real do trabalho docente.
Criação de uma Task Force Infraestruturas Iscte. As diferentes dimensões de atuação dos serviços do Iscte perante a sala de aula (gestão de espaços, apoio informático, manutenção) têm de possuir um interface de encontro e articulação, pois todas servem os docentes e alunos num mesmo espaço. Importa implementar um modelo proativo e célere de manutenção de infraestruturas, garantindo condições adequadas nos espaços (i.e. cadeiras em anfiteatros, equipamento informático, sistemas de projeção e climatização operacionais).
Reforçar a qualidade e quantidade da infraestrutura e oferta de serviços de restauração. É partilhada a perceção de insuficiência da oferta de serviços de restauração no Iscte, o que motivou o protesto generalizado dos alunos e muito tem contribuído para o afastamento físico de docentes, investigadores e alunos deixando vazios ou inadequadamente usados, muitos espaços comuns, cuja degradação é patente.
Melhorar condições físicas das salas de aula e laboratórios. Melhorar as condições de lecionação com salas de aula com conforto térmico, equipamentos funcionais e rácios de densidade de ocupação saudáveis.
Promover a formação profissional nas duas carreiras do Iscte. Experiência de investigação não é obrigatoriamente sinónimo de excelência de liderança de projectos e pessoas. O Iscte precisa mobilizar recursos para a formação dos investigadores em estratégias de empreendedorismo académico ao nível das candidaturas a concursos e lideranças de equipas de investigação, quer internas quer de redes. Bem como, continuar a explorar e incentivar os programas de formação contínua individualizada para docentes, focados em novas práticas pedagógicas e integração de ferramentas digitais que possam ser frequentados individualmente e financiados em entidades externas ao Iscte.
Eixo 3 – Ensinar e investigar no Iscte
Projeto Iscte-55. Ensinar Formas de Pensar, Criar e Transformar. Até ao final do meio do mandato do Conselho Geral, isto é 2027, e coincidindo com o aniversário dos 55 anos do Iscte, será desenvolvido o “Projeto Iscte-55”. Trata-se da pedra mestra da redefinição estratégica, visando recolocar o Iscte como entidade inovadora e determinante nos cursos de 1º ciclo no panorama da universidade portuguesa tal como o foi na sua génese e para isso contar com todos os atuais atores dos três corpos, quer individualmente quer na integração nas suas estruturas organizacionais atuais. Seguindo as abordagens convencionais dos estudos de estratégia organizacional, a redefinição de processos e de recursos visando suportar os objetivos serão desenvolvidos com o envolvimento de toda a comunidade. Este projeto será organizado segundo três eixos principais: 1) Redefinição da experiência do aluno – em aula e no ambiente Iscte, em que se aponta para que a vivência do aluno seja organizada por projetos onde os próprios assumirão a responsabilidade do seu percurso, apoiado por professores. 2) Fomentar a inovação: ver esses projetos como iniciativas onde o percurso e os objetivos são desenhados numa perspetiva, não de replicar aquilo que se sabe e estuda, mas aplicando-o aos desafios em articulação com o exterior do Iscte. 3) Alinhamento da educação Iscte com a expectativa para a vida activa. O esforço de aprendizagem deve ser alinhado com a obtenção de objectivos de empregabilidade definidos pelo aluno. Queremos um Iscte que ensina não apenas conteúdos, mas também formas de pensar, criar e transformar a sociedade e as suas organizações.
Redução da carga letiva para docentes e investigadores do Iscte que obtenham bolsas ou financiamento competitivo. Esta é talvez a medida mais diretamente desejada pelos investigadores e docentes: permite libertar tempo efetivo para investigação, aumenta a produtividade científica e estimula candidaturas a projetos. Ao alinhar incentivos com desempenho, combate um dos principais desincentivos atuais.
Implementação de um sistema de informação com controle autónomo de verbas pelos investigadores. Esta medida visa resolver o problema recorrente do excesso de burocracia e navegação labiríntica na gestão de projetos e da falta de autonomia dos investigadores. A proposta inclui o acesso em tempo real às verbas, eliminação de intermediários e maior eficácia na aquisição de recursos, garantindo melhor uso dos fundos e estímulo à investigação.
Criação de financiamento interno competitivo para projetos de investigação fundamental no Iscte. Ao reconhecer que a investigação relevante não é apenas a que responde a editais externos, esta medida valoriza ideias originais e disruptivas, muitas vezes em estágios iniciais, e combate a dependência excessiva da FCT.
Promoção de igualdade de oportunidades no Iscte. O surgimento de duas carreiras, docência e investigação, atualiza velhas preocupações presentes no Iscte relativamente à promoção de iguais oportunidades. Desde há muito que no Iscte se tem vindo a combater, no acesso a cargos de gestão descentralizada, as manifestações de uma tradicional cultura de “Friends of Friends” e a fomentar, pragmaticamente, a sua substituição por uma cultura “Science Friendly”. Importa continuar esse trabalho no sentido da maior inclusão de investigadores de carreira na gestão da ciência, auscultando os investigadores sobre formas de ultrapassar eventuais bloqueios.
Valorizar na prática os múltiplos percursos da investigação no Iscte. Se a docência não é homogénea nos seus percursos profissionais no Iscte, a investigação também o não é. Da mesma forma que na avaliação, nas remunerações e na carga de serviço,, os docentes têm lutado pelo reconhecimento da diferença, importa agora fazer o mesmo para os investigadores de carreira. Os percursos de investigação, variam da investigação aplicada e fundamental, até à consultoria e avaliação, com ou sem acumulação de funções. Igualmente, a investigação possui ciclos diferenciados de desenho de propostas, submissão a concursos e publicação de relatórios e artigos. A avaliação e as metas para a investigação têm de passar a ter presente essas dimensões.
Promoção de Unidades Curriculares ADN Iscte. Através da promoção da oferta de unidades curriculares partilhadas procura-se fomentar a cooperação interdepartamental, tal como já existe com cursos com coordenação partilhada, promovendo a interdisciplinaridade e integração curricular em rede. Procura-se, assim, fomentar a cooperação entre áreas científicas, otimizar recursos humanos e enriquecer os percursos formativos dos estudantes com maior diversidade disciplinar com base na proximidade e inovação.
Rácios Pedagogicamente Defensáveis. Em muitos cursos do Iscte há hoje em dia situações de rácio docente vs. alunos que não defendem a qualidade de ensino. Torna-se imperioso criar uma política para minorar os problemas atuais e como se pode caminhar para um objectivo de equidade pedagógica no Iscte. Importa defender um rácio equilibrado entre estudantes e docentes, de forma a garantir uma educação mais personalizada, promover a interação de qualidade e assegurar o acompanhamento eficaz de cada estudante no seu percurso académico.
Incorporação crítica e ética da Inteligência Artificial no ensino no Iscte. Em resposta à emergência dos LLMs (como o ChatGPT). O Iscte através dos seus órgãos de gestão e Conselho Pedagógico deve promover um programa de adaptação dos métodos pedagógicos e de avaliação, incorporando a IA de forma crítica, ética e estruturada. Uma medida desta natureza é urgente e direcionada para a necessidade de rever metodologias de ensino e aprendizagem e preparar os estudantes para um novo contexto cognitivo e profissional.
Fornecer às Comissões de Ética do Iscte os meios necessários. O modelo das comissões de ética do Iscte necessita de ser rapidamente avaliado e serem implementados os meios necessários à execução da sua missão no quadro da investigação. Sem essa alteração continuaremos a depender do sacrifício de colegas docentes e investigadores retirando tempo e esforço às suas outras atividades no Iscte ou à sua esfera familiar.
Globalizar o Ensino do Iscte. Importa continuar a aposta na internacionalização do ensino, não apenas na Europa, mas com aposta em eixos claros baseados numa tríplice alocação de recursos e objectivos: Europa; China; Mundo falante português. Globalização deve aqui ser entendida, não apenas com a oferta do Iscte noutros lugares, mas também na atratividade dos nossos dois campus em Portugal. A oferta em inglês e em português, mas direcionada para estudantes para lá do território nacional é fundamental. Bem como, incentivar novas unidades curriculares/cursos destinados a novos públicos, experiências de mobilidade de docentes e estudantes com outras universidades e o desenvolvimento de cursos de grau duplo em colaboração com essas universidades estrangeiras nos três pontos focais de presença geográfica do Iscte.
Globalizar a Investigação do Iscte. Importa dar início a uma política de internacionalização da investigação que não seja ad hoc e que aproprie como seu o sucesso dos investigadores do Iscte. A internacionalização da investigação tem, demasiadas vezes assentado, no louvável voluntarismo dos investigadores do Iscte, mas tal não é suficiente para assegurar uma política de desenvolvimento institucional. Importa desenvolver estratégias institucionais para fortalecer a integração da investigação do Iscte em redes internacionais de investigação e de colaboração com a indústria, promovendo sinergias e eliminando redundâncias, alinhando, quando possível, a internacionalização da investigação e do ensino.